quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sequência didática das Oficinas do Quinto Ciclo

Título: “A representação da mulher pela mídia 2”
Datas: 28 de setembro – 14 horas:   Turvo
            28 de setembro -  19 horas:  Palmeirinha
           30 de setembro – 14 horas:  Campina do Simão

Participantes: Maria Cleci Venturini (Orientadora)
                        Luiz Rogério Camargo
                        Ana Gabriela
                        Camila

Descrição

Nesta oficina o objeto recortado foi a mulher  e a representação dela pela mídia. O texto que ancorou os trabalhos foi o texto imaginários em contradição no discurso sobre o sujeito- mulher na mídia, de Maria Cleci Venturini (capítulo do livro organizado pelo Grupo do Projeto Educação dos sentidos, coordenado pela Profa. Dr. Níncia Cecília Borges Teixeira, que se encontra no prelo). Neste artigo pensamos acerca do contraditório em torno  da representação da mulher na mídia. Com vistas a desenvolver e discutir o tema, recortamos a formação discursiva do feminino e a sub-dividimos em três Fds que a estruturam como um todo, como se pode observar a seguir:

    -  Fd1:  Incluem-se nessa formação discursiva sujeitos-femininos representados como celebridades, cujas discursividades giram em torno da perfeição, mostrando-as como as  mais bonitas e as que sabem viver melhor (vida saudável e feliz). A inclusão nessa representação  e a aura de idealidade que as constitui, autoriza/legitima esses sujeitos a  dizer/sentenciar  como os demais sujeitos-femininos podem/devem conduzir suas vidas, família, carreira.

Fd2: Nessa formação discursiva incluem-se os sujeitos-femininos marginalizados, as quais a mídia “desenha” como modelos a não serem seguidos e mesmo quando vítimas são representadas como culpadas pela violência a que foram submetidas. Destaque-se que nesse  domínio discursivo a representação do sujeito-feminino estrutura-se por meio de imagens recortadas como enunciados e definidos como espaços interdiscursivos, tendo em vista o funcionamento da memória, pela qual o dizer e também o não-dizer ressoa no eixo da formulação.

Fd3: Nessa formação discursiva incluem-se os sujeitos-femininos que constituem a maioria, ou seja, aqueles sujeitos que trabalham fora, cuidam da carreira profissional, são mães, atendem a casa e o marido, ou são exercem a função historicamente imputada a ser, qual seja, ser mãe, esposa e dona de casa e todos os afazeres que a função comporta. Nesse subgrupo não há escândalos, nem acontecimentos sociais de destaque. Por isso, os sujeitos são apagados ou simplesmente não aparecem na mídia, a menos que ocorram tragédias, mesmo assim, o destaque é pequeno. 
Em relação à teoria, centramos as discussões em torno dos conceitos que giram em torno da formação discursiva e da memória a partir dos quais os sujeitos-femininos constituem um universo marcado pela contradição.  

O tema foi desenvolvido a partir das seguintes seqüências didáticas:
1º) Apresentação do tema:   A representação da mulher pela mídia a partir de lugares e posições que elas ocupam na formação social  e que confere aos sujeitos-femininos espaço na mídia;
2º.) Reflexões em torno da mídia e o que a constitui como veicula formador de opiniões em torno de sujeitos dignos de serem celebridades ou marginais;
3º.)  Questionamentos em todo da noção “representação” e ao funcionamento dessa noção na/pela mídia;
4º) Apresentação do tema e da divisão do feminino em três sub-grupos (formações discursivas) a partir de um artigo científico;
5º) Primeiro grupo: sujeito-feminino celebridade. Para pensar em torno desses sujeitos apresentamos um vídeo em que a modelo internacional Gisele Bündchen fala sobre a maternidade e o filho. Nesse vídeo, ela diz, entre outras coisas, que vive vinte quatro horas em função do filho e que a sua mãe está com ela o tempo todo.  Diante das afirmações traçamos, juntamente com os alunos, um comparativo entre os sujeitos que não são celebridades, isto é, que possuem uma “vida normal”, em que as crianças nascem e vivem e nesse espaço de tempo, elas dormem, comem, ficam doentes, crescem, vão para a escola e se tornam adultas, iniciando um novo ciclo. Os pais, entretanto, não deixam de viver, de trabalhar e mesmo assim seus filhos são “normais”, sem grandes problemas; 
6º) Segundo Grupo: sujeito-feminino marginalizado. Para dar conta do sujeito que se inclui nessa representação apresentamos uma matéria em que Elisa Samúdio fala dela mesma, da relação com o goleiro Bruno e da pensão que receberia dele. Entre os não-ditos está o de que o filho poderia não ser do goleiro e que para ela o que está em jogo é a pensão que receberia. Abordamos também as imagens veiculadas pela mídia, em que a mulher aparece representada como “Maria chuteira”  e vestida como tal. Destacamos, em relação a isso, o papel da mídia, que não apenas noticia, mas instaura imaginários em torno dos sujeitos, e por/esses imaginários os representa como marginais, mesmo que sejam as vítimas de uma formação social marcada por crises de todas as ordens;
7º) Terceiro grupo: sujeito-feminino como maioria. Confrontamos os dois grupos anteriores e perguntamos aos alunos se todas as mulheres são celebridades ou marginais. Se não há outras mulheres e que espaço a mídia reserva para este terceiro grupo de mulheres, tendo em vista que constituem a maioria. Para dar conta desse grupo apresentamos um fragmento de um seriado que enfoca a mulher que trabalha fora e é mãe e esposa. Trata-se de um texto humorístico, no qual as situações são estereotipadas e a mulher se debate entre filhos problemáticos tanto no dia a dia como na escola e marido desligado de tudo que diz respeito à família. Esse quadro culmina com o caos na vida profissional, tendo em vista que ela é chamada toda hora para buscar o filho esquecido pelo marido na escola ou para resolver outros problemas domésticos.  Por meio das situações vivenciadas no episódio recortado questionamos: 1 - Por que esses sujeitos que são maioria não merecem espaço na mídia? 2 – Que representação do sujeito-feminino interessa à mídia destacar?
8º) Avaliação: realizamos uma síntese da representação da mulher na mídia e após, selecionamos seis alunos para falar desses representações. Elaboramos questões em torno de cada sub-grupo trabalhado, sendo que dois alunos falavam da mulher celebridade, dois da mulher marginalizada e dois da mulher que não é visibilizada/destacada pela mídia. 

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